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23/12/2021

Invisível, você? De jeito nenhum

 

Como deixar para trás essa sensação. Uma psicóloga e uma antropóloga explicam por que às vezes nos sentimos assim e garantem: ser visível está em suas mãos e não é nenhum bicho de sete cabeças.

Por Mônica Kato

 

Acontece nas melhores famílias: a maturidade vai chegando, os filhos saem de casa e, no ambiente de trabalho, os jovens vão cada vez mais se tornando a esmagadora maioria. Num determinado momento, a empresa justifica a troca de pessoas muito experientes por sangue novo alegando a necessidade de reciclar e economizar com a folha de pagamento – e, assim, profissionais mais maduros vão sendo deixados de lado. 

Na publicidade na tevê, você se reconhece nas campanhas dos planos de saúde e polivitamínicos para público sênior e olhe lá. A impressão que dá é que o sucesso, a felicidade e até o pertencer são prêmios destinados aos jovens e belos. 

Por mais que a gente confie no nosso taco, o sentimento de ser prescindível e invisível bate. Mas não precisa ser assim! Ser visível, sentir-se importante e protagonista só depende de nós. A começar por levantar a cabeça, reconhecer que, sim, continuamos tendo um papel importante na vida de muitas pessoas e que podemos fazer a diferença para elas e, principalmente, para nós mesmas.  E que não importa a idade do corpo, só é velho quem quer, quem se deixa ser. Precisamos fazer com que os outros nos vejam. 

 Sérum Facial Renovador

 

 

 

 

 

 

 

 

“As mulheres reclamam bastante da invisibilidade social, principalmente depois dos 50 anos", afirma a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro A invenção de uma bela velhice (Editora Record). 

"Dizem que se sentem transparentes. Isso porque nossa cultura é extremamente velhofóbica, só tem valor quem é jovem”, acrescenta, e completa: “O jovem é considerado belo, saudável, atraente, sensual, interessante, produtivo. Quem envelhece deixa de ter valor. E no Brasil, somos considerados velhos muito cedo, comparando com outras culturas. É uma questão social, que eu chamo de morte simbólica – quando envelhecemos, deixamos de existir, de sermos escutados, enxergados”, conclui.

Mas então qual é a solução, uma vez que ser jovem para sempre não consta do catálogo de desejos realizáveis? “Envelhecemos desde que nascemos, e sabemos disso. No entanto, quando ficamos velhos, achamos difícil ser velho. Precisamos assumir a velhice como uma condição da vida”, diz a psicóloga clínica Maria Ruth Gonçalves Pereira, doutora em Psicologia Clínica e professora associada da PUC/SP. Significa aceitar que esse momento vai chegar e se preparar para isso no dia a dia, desde a juventude.

 

Novo espaço, novo papel

A aceitação e o reconhecimento de que a situação é real vão contribuir para chegar à maturidade bem. Lembrete para quem já está nessa faixa etária: nunca é tarde para começar. “A questão é criar um espaço para ocupar quando a idade chega”, sugere a psicóloga Maria Ruth. Ela afirma que é preciso achar seu próprio lugar novamente. Não é simples, uma vez que a sociedade raramente abre esse local, embora haja cada vez mais idosos no mundo. 

“Chegamos a um cenário onde devemos fazer novas perguntas: ‘Quem sou neste momento? Que lugar ocupo? O que quero fazer’?”. Enquanto refletimos sobre tudo isso, podemos partir de um ponto: saber que temos nosso valor, que podemos transformar a realidade presente e inspirar o futuro. "Podemos ajudar jovens e pessoas maduras a criar novas respostas para a vida, longe daquelas estereotipadas e pré-concebidas”, explica a psicóloga Maria Ruth. 

A troca de experiências entre gerações é saudável, útil e alimenta a alma. Os mais maduros podem se beneficiar do incentivo (e do conhecimento) dos jovens para aprender sobre novas tecnologias, por exemplo. Esses, por sua vez, podem ser favorecidos pela sabedoria da vivência dos mais velhos -- às vezes, por exemplo, uma frase é suficiente para o jovem enxergar que o imediatismo para resolver determinada questão não é o melhor caminho…

Temos potencial para assumir esse papel “As mulheres foram as principais protagonistas da revolução cultural e comportamental do século passado, nos anos 60 e 70. Lutaram pela liberdade sexual, liberdade de opinião, liberdade, liberdade, liberdade. Elas envelheceram. E agora querem liberdade no envelhecimento, serem elas mesmas, constituírem uma velhice com significado”, afirma Mirian Goldenberg.

 

O sentido da vida

O caminho para isso tem a ver com desapegar do que for possível e necessário. E redefinir o que colocar no lugar. “Há sonhos possíveis e impossíveis", lembra a terapeuta. "Vamos focar nos primeiros. Escolher o lado saudável da vida. Tentar encontrar novas referências e valores mais adequados à idade e ao momento. Lembrar que é sábio não ficar presa à lógica racional, que é linear. Mas se permitir circular pelo sentimento, pela intuição”, diz Maria Ruth Gonçalves Pereira. 

Mirian Goldenberg ressalta que para construir uma velhice saudável “é interessante descobrir como dizer 'não', fazer uma faxina existencial, poder rir mais de nós mesmos, reconhecer o poder das amizades nessa altura da vida e, sobretudo, identificar qual é o seu propósito.” Finalmente, poder sentir o sabor da liberdade de poder escolher o que bem entender, sem precisar prestar contas a ninguém. Poder apertar "aquele botão" e viver qualquer experiência sem se preocupar com julgamentos.

Foi mirando nisso que a senior influencer Cláudia Grande criou o Projeto 60 (no Facebook e no YouTube). Ela conta que aconteceu por acaso: “Sempre gostei de conversar, de interagir com as pessoas. E fui ouvindo, cada vez mais, que à medida que envelheciam, as mulheres ficavam muito sozinhas. Fora do mercado de trabalho e com filhos criados, por exemplo, onde é que iam encontrar outras pessoas? Na farmácia, no supermercado? Para onde iriam viajar sem companhia? Por isso, idealizei um ponto de encontro virtual, que possibilita outros encontros, como grupos de viagens”, diz.

Para Cláudia, conforme a idade chega, é preciso descobrir novos caminhos e não se deixar ficar invisível. “Se o mercado profissional se fecha, invente outra coisa para fazer. Se tem habilidades na cozinha, faça molhos especiais, doces gostosos e venda para os amigos – não tem de querer carteira assinada. Torne-se interessante. Não fique nas redes sociais só de conversinha. Faça cursos, instrua-se. Saia para jantar com outras pessoas na mesma condição, viaje com grupos. Vá procurar a sua turma”, incentiva.

A influenciadora digital Rosangela Marcondes, 66 anos, autora da página Domingo Açucarado (no Facebook) fez exatamente isso. Aos 58 anos, refletiu sobre o que queria da vida: “Não tinha diploma, mas poderia oferecer o meu olhar sobre o mundo. Estive sempre em movimento, nunca esperei que alguém me trouxesse coisas. Assim, me tornei uma voz credenciada para opinar sobre a maturidade. Sou contratada por grandes marcas para ajudar a avaliar produtos, para fazer palestras e trabalhos intergeracionais. Tive sorte, mas não foi de graça. Sou curiosa e busco”, diz Rosangela. 

 

Por sua atenção, obrigada!

Por mais que a sociedade e o curso natural das coisas nos empurrem para uma provável invisibilidade em alguns momentos da vida madura, o que importa é segurar essa onda. E o caminho para isso é reflexão seguida de ação. Redefinir seu local na velhice. Antes eu era assim, agora sou deste jeito. Quero ocupar esse lugar, mereço estar aqui e para isso vou tomar esta e aquela providência. Quanto mais gente encorpar esse movimento, melhor. 

“O mundo corporativo também já começa a se render à necessidade de se preocupar com questões sobre a maturidade. Hoje, sou chamada para dar várias palestras sobre o tema, algo que há uns cinco anos era marginalizado, esquecido, ignorado. Era invisível. Porém, atualmente, a questão do envelhecimento com saúde, liberdade e plenitude é uma pauta para toda a sociedade”, afirma Goldenberg.

Como a psicóloga Maria Ruth diz, “não há mulher invisível, mas um espaço que está sem ocupação. E para preenchê-lo, é preciso redimensionar expectativas e surfar na vida. Quem não faz isso, só fica em conflito e não encontra solução”, conclui.

Em vez de se sentir invisível, a mulher madura tem mais é que chamar a atenção do mundo. Prestar atenção nele para que ele também perceba que ela existe. Um movimento onde todos ganham.

 

Mônica KatoMônica Kato é jornalista com mais de vinte anos de experiência, diretora de redação das revistas Claudia, Nova, Cosmopolitan, AnaMaria, Viva!Mais, Sou Mais Eu!, Tititi e Minha Novela. Assina uma coluna de beleza e bem-estar em CRESCER voltada às mães millennials e crianças de 0 a 8 anos.

 

 

 

 

 

 

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