Que mulher você é? Sylvia Loeb, 78 anos
“Sou a mulher que ampliou seus horizontes”
Por Chantal Brissac
“Durante toda minha vida trabalhei como psicanalista, no atendimento clínico e supervisão, além de atuar em comunidades de baixa renda.
Mas aos 61 anos senti vontade de ampliar esses horizontes e comecei a pensar em diferentes projetos e desafios.
E o novo veio pela literatura. Em 2007 publiquei “Contos do divã – pulsão de morte e outras histórias”; depois vieram mais quatro títulos, todos disponíveis na Amazon.
A ficção foi uma forma de falar para mais pessoas sobre questões vitais, que nos movem. Prossigo como psicanalista, mas venho abrindo mais janelas desde esse período.
E há dez anos comecei um projeto na internet chamado Escritora no Divã. É um espaço de discussão sobre temas relacionados ao envelhecimento que divido com minha filha, a jornalista Carla Leirner. Respondo a perguntas sobre relacionamento, ciúmes, casamento, separação e faço provocações sobre assuntos atuais. A ideia é manter uma reflexão saudável sobre a maturidade, com mais autoestima e menos preconceito.
Nesses dez anos em que estou nas redes sinto muita conexão e intimidade com as mulheres que se comunicam conosco. Inclusive descobri um sentido de união entre elas, no sentido de fazer liga, que não percebia tempos atrás.
As mulheres estão valorizando o amadurecimento e o envelhecimento. Também fico surpreendida como elas vibram, participam e palpitam – há um desejo genuíno de se conhecer e se transformar, algo que é mais frequente na parcela feminina, inclusive na procura pela psicanálise.
Fico feliz em ajudar as mulheres a viver de um jeito mais pleno e feliz. Embora muita coisa tenha mudado, ainda temos no Brasil muito preconceito com a mulher, especialmente com a mulher mais velha, o chamado etarismo.
Aos 78 anos, faço yoga, ginástica, cuido do meu corpo e da minha mente, viajo, trabalho, invento, crio. Tenho muita vitalidade e vontade de fazer coisas por muito tempo.
A gente tem que mostrar que é possível viver muito bem, independentemente da idade. O Dia Internacional da Mulher é importantíssimo, pois, mesmo com todas as conquistas, ainda somos pouco representadas em áreas essenciais como a política”.
Chantal Brissac é jornalista e publicitária, com passagens pelos jornais Folha de S. Paulo e Estadão e revistas Veja São Paulo, IstoÉ, Nova e 29Horas. Autora de livros sobre comportamento, saúde e bem-estar, é fundadora da plataforma Pro Coletivo (www.procoletivo.com.br), focada na mobilidade urbana ativa e sustentável.